quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

VI A MORTE DEMASIADO CEDO

-TESTEMUNHO-
A "estória" que agora conto antecedeu a formação da C Caç 2505, a nossa companhia.

Estamos em Lamego no decorrer da primeira metade do ano de 1968. Estamos no CIOE (Centro de Instrução de Operações Especiais), a tirar a especialidade com o mesmo nome (OP). São contemporâneos neste curso do CIOE, no COM e CSM os nossos camaradas de Batalhão, A Madureira e A Freitas da C Caç 2506, J Marques e J Campos da C Caç 2504 e J Franco (já falecido) e eu próprio da C Caç 2505.


FOTO RECENTE CIOE
PORTA ARMAS CIOE










Todos os instrutores eram oficiais com patente igual ou superior a tenente, com excepção de um aspirante colocado neste grupo e proveniente de um curso OP anterior. O Comandante de instrução foi o major Fonseca, número um em curso de "Ranger" nos EUA. Os denominados pelotões eram designados em Lamego por Grupos de Combate formados por três Secções, cada uma com dez homens e seis Equipas com cinco homens cada. A todos nós, quer no COM ou CSM, separadamente, cabia a função de comandarmos por escala, o grupo, as secções e as equipas. Não me recordo na altura, quem comandava o quê, mas sei que o meu amigo J Campos da 2504, fazia parte da minha equipa.


GRUPO COMBATE INSTRUENDOS
Após esta apresentação vamos então contar o que se passou.

Nas matas de Castro Daire fazíamos uma progressão com vista a um objectivo, debaixo de fogo real. Esta manobra era completada por tiros de precisão, disparados por dois ou três oficiais designados, para muito próximo do instruendo, que não estivesse a cumprir a norma estabelecida para o exercício.
Progredíamos em "bicha de pirilau" com distância de homem a homem de mais ou menos dois a três metros, tomando o melhor caminho, abrigando-nos quando o fogo real era mais intenso. O Pereira, outro homem da minha equipa, que seguia à frente do Campos e logo seguido por mim, acabou por ser ferido de morte, pelo ricochete  de uma bala, desviada num rochedo de granito. A bala já um pouco desfeita, atingiu a carótida do nosso camarada, que apesar de todos os nossos esforço acabou ali por falecer.

O Pereira era natural de uma povoação perto de Lamego. Os dois restantes elementos da equipa, o Campos e eu próprio prestámos uma guarda de honra, junto à urna na Igreja da sua terra natal e transportámos o nosso camarada até à sua última morada naquela povoação.

Em todo o curso no CIOE, tivemos somente três dias seguidos de licença, que podia dar para ir a casa, conforme o caso e um dia por semana, que podia calhar de 2ª a 6ª feira, só comunicado na noite anterior. Bom! Nessa semana e finda a cerimónia do funeral do saudoso Pereira tivemos dois dias de licença.
Durante toda a especialidade, nunca conseguimos apagar aquela imagem, mas tenho a certeza que tudo o que ali passámos ajudou em muito o que a seguir tivemos de ultrapassar. 

Embora passando perto, vi a morte demasiado cedo.
JM         

domingo, 26 de janeiro de 2014

OUTROS CONVÍVIOS

-NOTÍCIA-
Passamos a postar o último Ponto de Encontro, publicado no passado sábado pelo CM.
JM
PONTO DE ENCONTRO
CORREIO DA MANHÃ
25JAN2014

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

VAMOS COLABORAR

-OPINIÃO-
O nosso blogue festejou no passado dia 16 de Novembro, o seu terceiro aniversário. A sua criação teve o objectivo de estabelecer e manter uma relação mais próxima e viva com todos os ex-combatentes da companhia, familiares e amigos.

Sendo um blogue aberto, permite também, o estabelecimento de relações com outros ex-combatentes amigos que connosco tiveram contacto ou partilharam os mesmos locais por onde passámos.

Poderá, também, estabelecer ligação com outros ex-camaradas da companhia, que nunca participaram nos nossos convívios anuais.

Durante toda a tua vivência militar deves ter entre muitas, alguma "estória", que connosco poderias partilhar.

Participa, comenta ou opina em
www.ccac2505.blogspot.pt

Envia um escrito com a tua "estória" para publicação identificada ou anónima em
companhia.cacadores.2505@gmail.com
ou
jotamerca@gmail.com 

Aquele Abraço Amigo
JM

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

OUTROS CONVÍVIOS

-NOTÍCIA-
Como habitualmente voltamos a postar mais encontros/convívios de militares, publicados na coluna Ponto de Encontro do C M, do último sábado dia 18 do corrente.
JM
PONTO DE ENCONTRO
CORREIO DA MANHÃ
18JAN2014

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

I ENCONTRO 2003 BAT CAÇ 2872

-ENCONTROS C CAÇ 2505-
I ENCONTRO BAT CAÇ 2872 CALDAS RAINHA 2003

No ano de 2003, não estivemos sozinhos no nosso almoço anual. Nesse ano, este convívio realizou-se a nível do Batalhão. Assim, todos os ex-combatentes, da CCS, 2504, 2505 e 2506, reuniram-se no dia 3 de Maio de 2003, no lugar do Alto do Nobre, Caldas da Rainha, no I Encontro dos Combatentes do Batalhão de Caçadores 2872.

A ideia estava a germinar há já algum tempo, mais precisamente, a partir do Encontro de Graduados da 2504 em Mafra, onde também estivemos presentes.

Para a organização do encontro, formou-se uma comissão composta por um ou dois elementos de cada companhia, que se reuniram no no dia 23 de Março daquele ano no Restaurante A Ladeira, que viria a ser o escolhido para servir o almoço. Tudo ficou acertado, sendo o Tacão Monteiro da 2504 o eleito para acertar toda a logística e limar as últimas arestas. A nossa companhia fez-se representar pelo J Simões e eu próprio e ficámos com a tarefa final de transmitir ao Tacão Monteiro, o número de elementos da Cia. a participarem no encontro.

Assim, o I Encontro dos Combatentes do Bat Caç 2872, alargado aos familiares e amigos, começou com o estacionamento das viaturas dos participantes, conforme iam chegando, em local designado dentro do RI5, onde se efectuou a concentração.Visitou-se as instalações, com especial interesse para todos os ex-instruendos do CSM, realizou-se uma missa na capela do Regimento e efectuou-se uma sessão de fotografias na escadaria do edifício do comando. Infelizmente desta sessão, não encontro no sótão das recordações, nenhuma foto para publicar. A messe e o bar foram abertos e colocados à nossa disposição. Só resta dizer que no Regimento de Infantaria 5, fomos muito bem recebidos.

A hora do almoço estava a aproximar-se e assim partimos em caravana auto, para o Restaurante A Ladeira, situado na saída das Caldas da Rainha em direcção à Foz do Arelho.

No restaurante e em pé iniciamos a degustação de variadas entradas e após ocuparmos os lugares estabelecidos à mesa para iniciarmos o apetitoso repasto, os elementos designados de cada companhia deram inicio aos seus discursos.

Para finalizar e quase no fim do convívio que se prolongou pela tarde dentro, foi distribuída por cada combatente, uma pequena recordação alusiva ao momento
.
Foi mais um encontro de ex-combatentes, este do B Caç 2872, que decorreu com muita alegria e camaradagem, pelo que os organizadores se congratularam e mostraram interesse em repetir.
JM 
FOTOS ORGANIZAÇÃO DO ENCONTRO
ORGANIZAÇÃO ENCONTRO
ORGANIZAÇÃO ENCONTRO

CONVOCATÓRIA


CARTÕES DE IDENTIFICAÇÃO



DISCURSO C CAÇ 2505

O DISCURSO POR JM

RECORDAÇÃO
RECORDAÇÂO

AS FOTOS
EXTERIOR RESTAURANTE
EXTERIOR COM O SERVIÇO DAS ENTRADAS
O ALMOÇO
A 2505
O CONVÍVIO
A 2505
O CONVÍVIO
O ALMOÇO
O ALMOÇO
O BOLO

domingo, 12 de janeiro de 2014

OUTROS CONVÍVIOS

-NOTÍCIA-
Depois de alguma ausência, voltamos a postar o último PE publicado pelo CM no passado sábado dia 11 do corrente.
Durante o mês de Dezembro, o mês natalício, mais propriamente desde o seu dia 7  e até agora, mais nenhum encontro de militares  voltou a ser publicado por aquele diário. 
Posto isto, damos a conhecer alguns encontros para o inicio deste novo ano.
JM
PONTO DE ENCONTRO
CORREIO DA MANHÃ
11JAN2014

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

MAIS UM ANO PASSOU

-TESTEMUNHO-
Um novo ano começou. Virámos mais uma página do livro da nossa vida. Hoje estamos aqui, mas nem sempre estivemos.    

Na passagem do dia 31 de Dezembro de 1969 para o dia 1 de Janeiro de 1970, quase todos nós, ex-combatentes da C Caç 2505 estávamos em outro longínquo lugar.

Depois de combatermos na Operação Grande Salto, nas matas do Dange, na zona dos Dembos, desde o mês de Junho como companhia de intervenção, regressámos ao Grafanil, em Luanda, no fim de Dezembro de 1969, onde festejámos a passagem do ano.
ACAMPAMENTO  NO DANGE
OPERAÇÃO-ACAMPAMENTO INIMIGO
DANGE-DESLOCAÇÃO NA PICADA
A sede do nosso Batalhão,"O Pop", situava-se no Campo Militar do Grafanil, onde a nossa Companhia chegando a casa, se voltou a instalar.

ENTRADA C M GRAFANIL
GRAFANIL-INSTALAÇÕES
Queríamos deixar para trás as tristes ocorrências, que sempre ao lembrar tentávamos esquecer, com destaque principalmente para a morte dos nossos dois camaradas, assim como os nossos três feridos mais graves, (incluindo o nosso Cmdt de Cia com fractura da bacia), mas elas estavam ainda muito presentes. Foram uns meses na nossa comissão de serviço, onde passámos um muito mau bocado.

Bom! Agora estávamos em casa e voltámos a ser a primeira frente de controlo e defesa da cidade de Luanda. Apertavam os serviços, mas, o perigo iminente era quase nulo. A vigilância na Rede, o controlo a pessoas e viaturas que entravam na cidade, a escolta ao comboio de Catete, o patrulhamento no Bairro Operário e no Cazenga, assim como, à Central Eléctrica, Nocal e Cuca, entre outros locais.
REDE-POSTO DE VIGIA
REDE-INICIO PATRULHA
COMBOIO CATETE
CAZENGA
Não me recordo onde passei o fim daquele ano, se dentro do Grafanil com a "rapaziada" ou na cidade de Luanda, onde através da minha vida desportiva tinha muitos conhecimentos civis e também possuía alojamento. Não estando escalado para algum serviço, tomo como certo que andei a saltitar por toda a cidade. Naquela noite deve ter havido, muito marisco, cerveja e espumante. Uma coisa recordo como se fosse hoje, Quando regressei a Luanda e logo que tive oportunidade, dirigi-me ao Polo Norte, cervejaria bem conhecida do "pessoal", onde lentamente saboreei o especial bife à inglesa, com batatas fritas e ovo a cavalo, quase submerso naquele delicioso molho. Claro, que tudo isto foi muito bem regado, com pelo menos duas fresquinhas "canhas". 
POLO NORTE
"Meu Deus!!" Isto já aconteceu há 44 anos.

Não vou ficar por aqui sem perguntar, onde parava a C Caç 2505 há 43 anos, no fim de 1970. Para quem já não se recorde, vou lembrar que nesse fim de ano, a nossa Cia estava situada no Canage. 
CANAGE-ACAMPAMENTO
O Canage ficava praticamente a meio da picada que ligava o Luso ao Lucusse. Após a deslocação do Batalhão para a Região Militar Leste, a Companhia participou na Operação Escovar, na área de Cangumbe, onde patrulhou, combateu, abriu picadas e recolhendo populações, ajudou a reorganizar o quimbo do Caminhão. Só depois "assentou arrais" no Canage, junto ao rio com o mesmo nome, onde construiu um acampamento provisório, com a forma de um quadrado, em cujos lados se ergueram barreiras, para a protecção de qualquer ataque inimigo com armas de tiro tenso. Dormíamos em tendas cónicas e algumas quadradas, que também serviam para outros fins logísticos. Tínhamos a missão, de por vezes escoltarmos viaturas civis, mas no essencial voltámos a efectuar a protecção próxima e afastada aos trabalhos de construção, da futura estrada asfaltada que ligaria, nos seus mais ou menos 400 Km, o Luso a Gago Coutinho.
CANAGE-ACAMPAMENTO
COLUNA AUTO
SINALIZAÇÃO
Mas voltemos à nossa passagem de ano. No dia 31 de Dezembro de 1970, a companhia estava toda reunida e em conjunto festejámos efusivamente a despedida daquele ano velho e o nascimento do novo.
O JANTAR
Numa daquelas tendas quadradas, que tinham mais ou menos 10 metros  de lado, oficiais e sargentos desta "Cia Pop", reuniram-se numa inesquecível festa. Houve melhoria no jantar e até cada um de nós contribuiu com algo para comer e beber. Claro, que não faltava para além da cerveja, muitas e variadas bebidas alcoólicas. Naquela noite, ao deslocar-me algumas vezes pelo acampamento, participei momentaneamente em grupos maiores ou menores, de outros combatentes da Cia, que também faziam a passagem de ano.
A PARÓDIA
A COMPOR A ÁRVORE
Depois das 12 badaladas a festa continuou noite fora. Muitos de nós com a alvorada e na hora de abalarmos para as nossas missões, lamentávamos os excessos cometidos horas antes.
OS COPOS
Acrescento que foram momentos de grande diversão, muito alegres e de grande camaradagem, que nos fizeram esquecer o local onde estávamos.

Naquela noite também um novo ano começou e também virámos uma página do livro da nossa vida.

João Merca